vendredi, décembre 17, 2010

Sniper entrevistado por Zeblak

[Zeblak] Desde quando faz rap tuga e porquê ? O que é que te incentivou a fazer rap ?
[Sniper] O primeiro contacto com o Rap aconteceu em meados de 96/97, na altura eu era mais virado para o Trash metal / Black etc … a dada altura comeu a ouvir cenas do tipo Suicidal Tendesis mais metal e Body Count um rock com influencias de hip hop com o bem conhecido IceT, dai para a frente vieram Public Enemy, House of Pain, Cypress Hill, 2Pac, etc … Já em 97 despertou-me a vontade de fazer qualquer cena no hip hop e desde então cá estou até a data.

Quais são as mensagens nas tuas letras ?
Eu abordo todo o tipo de assunto, seja pessoal, social etc … nunca tenho nada pré definido, muitas da vezes é o próprio estado de espírito que se reflecte nas minhas letras.

Donde vem a tua inspiração ?
Inspiração?!!! é complicado mano, inspiração não me diz muita coisa, não é preciso estares muito inspirado para que a coisa seja bem feita, eu prefiro a junção das palavras tempo e dedicação, estas 2 coisas juntas fazem o profissionalismo e o profissionalismo faz com que o trabalho seja bem feito ... é mais ou menos por ai.

Qual é o teu objectivo no rap português ?
Continuar a contribuir a minha maneira, mais do que tenho feito não posso pois a vida não mo permite.

Porquê o nome SNIPER ?
Eu aos 17 anos dei-me como voluntário para os Fuzileiros, tirei o curso de atirador de armas submarinas, e nesse mesmo curso conheci alguns manos que também rimavam e nós muitas vezes juntávamos para dar uns freestyles e eu como “atirador” acabei por ficar o Sniper das rodas de freestyle.

Donde vem o teu amor pelo rap ?
Amor pelo rap a mim também não em diz muito mano, eu adoro fazer musica sempre o fiz desde os meus 13 anos, já tive vários projectos musicais dentro e fora do rap , e continuo a ter percebes, o rapper Sniper não só é mc como é produtor principalmente de rap mas não só eu produzo de tudo, trabalho com bandas, principalmente de reggae. Que é o caso da banda de reggae Arsha … voltando uma beca atraz … amor é uma palavra muito forte para se aplicar á musica no meu caso, porque existes dezenas de prioridades ao rap … resumindo, eu adoro rap irei continuar a faze-lo porque me sinto bem, não por amor ou filosofia de vida mas porque gosto e sinto-me bem a faze-lo, entendes !

Podes me falar do Kubiko Records ?
A K.Records é nada mais que um grupo de amigos (na altura putos) que se juntaram para dar umas rimas, ao longo do tempo esse mesmo grupinho juntava-se em casa de um dos membros para fazerem umas sessões de gravação, dai o nome Kubico (casa) Records, e o nome manteve-se durante estes anos todos, a ideia nunca foi criar uma editora era apenas um grupinho que gravava as suas tracks e que ainda hoje se junta para umas boas jam´s.

Como vês a evolução e o futuro do rap tuga ?
Eu prevejo um futuro positivo, mas gostava de ouvir cenas mais real em Portugal principalmente vindo da malta que já cá está á algum tempo, não posso falar da nova escola que ainda está na fase do egotrip, mas sinceramente para o people velha guarda curtia ouvir um Rap mais adulto, eu também já tive essa fase de egotrip, street etc ... e por isso não censuro a malta nova muito pelo contrario, pá mas ya o salto é positivo.

É fácil ser produtor de hip hop em Portugal ?
Depende mano, se estás a falar em viver á pala da produção, nem pensar, agora se queres dizer “é fácil aprender a produzir” ou “é fácil ter acessos á produção”.
Hoje em dia, com um pc já fazes um loop de bateria e cortas um sample e já está, é o que acontece com a maioria dos novos “produtores” ou curiosos, se é que se podem chamar de produtores, no meu ver claro que não, para quem desconhece um produtor é um musico com bons conhecimentos na área.

O quê que querias fazer se não houvesse a música ?
Se não ouve-se musica na minha vida ela seria menos colorida sem duvida, mas faria o que faço hoje mano, eu faço aquilo que o tempo me permite e tento fazer tudo o que gosto fazer, mas a tua pergunta no final quer perguntar se eu não fise-se musica haveria outra cena que eu me dedica-se tal como me dedico á musica certo, sim claro vou dar-te uma que está ao mesmo nível, o desporto, eu sou instrutor de capoeira actualmente parado devido a lesões mas provavelmente seria onde eu em agarraria mais se não fise-se musica (apesar de eu fazer musica na capoeira também) eu vivo rodeado de musica é complicado.

Quais são as tuas influencias sem ser musica ?
Zumbi dos Palmares, Mestre Bimba, Mestre Pastinha, Mestre Bailarino.

Uma palavra para os soldados do hip hop ?
Tempo, dedicação e respeito.


Dezembro 2010

mercredi, août 04, 2010

Dealema entrevistado por Zeblak

[Zeblak] Desde quando estão na música e qual foi o vosso percurso ? Como é que se conheceram ? Como vieram à trabalhar juntos ?
[Maze (Dealema)] Como Dealema existimos desde 1996, mas já tínhamos projectos anteriores a essa data, Fullashit (Fuse e Ex-peão) e os Factor x (Mundo e Dj Guze). Eu tinha começado a rimar há pouco tempo, mas já os conhecia, costumávamos fazer sessões de improviso e ensaios e gravações e a determinada altura decidimos formar uma banda os cinco.

O que é que vos incentivou a fazer rap ?
Eu já ouvia rap, fazia graffiti, e interessava-me pelo movimento, a determinada altura senti um impulso para começar a escrever e cantar rimas, pois desde de miúdo sempre tive aptidão para as palavras e uma criatividade bastante activa, acho que foi um incentivo interior que foi despoletado pelo Rap que consumia na altura, desde manhã até à noite.

Quais são as mensagens das vossas letras e o objectivo delas ?
As mensagens nas nossas letras são diversas, demasiadas para compactar numa resposta. São principalmente mensagens de cariz positivo ou politico ou emocional, são mensagens fortes, contestatárias, ás vezes são só reflexões sobre a vida, retratos que nos rodeiam ou então simplesmente ficção descritiva.

Porque escolheram DEALEMA para o nome do vosso crew ? E vossos pseudónimos ?
Dealema era uma das possibilidades que tínhamos para a banda, foi a escolha que fizemos de entre várias hipóteses, é a forma como se resolve um dealema, com escolhas e simplesmente foi o nome que teve a unanimidade. Quanto ao meu nome artístico, vem do graff, foi o meu primeiro tag. O pessoal começou a conhecer-me e chamar-me por Maze, quando comecei a rimar o nome ficou também a ser o meu nome de mc.

Donde vem o vosso amor do rap ?
O nosso amor pelo rap,vem da nossa adolescência, vem do hip hop da rua, dos 4 elementos, do sentimento que partilhávamos nos velhos tempos ...

Foram influenciados por alguns rappers ?
Krs 1, Guru, Nas, Common, Mos Def, Talib Kweli, Black Thought, são muitos ...

Com quem queriam, gostariam trabalhar (musicalmente claro) ?
Gostaríamos de trabalhar com alguns músicos portugueses, principalmente de outros estilos que não o rap, gostaríamos bastante de trabalhar com instrumentistas e vocalistas de outras áreas, já o temos feito e no futuro essas colaborações vão continuar a acontecer certamente.

Quais são vossos sentimentos ao respeito do hip hop tuga ?
Pessoalmente, e não estou a dar esta resposta pelos Dealema, mas simplesmente por mim.
Eu não gosto do termo hip hop tuga. Mas como é um termo generalizado e já instituído, mas gostando ou não do nome dado, eu que faço parte dele, reconheço que tem coisas que gosto muito, outras que me desagradam profundamente principalmente a falta de união em todas as vertentes do movimento.

Como vêem a evolução e o futuro do rap tuga ?
Futuro do rap tuga, é hoje, o que acontece agora define o amanhã.
Existem cada vez mais projectos, uns com bastante qualidade e bom gosto que com certeza irão prevalecer, e outros projectos de fraca qualidade que por mais destaque que tenham estão condenados a serem as próximas vitimas da trituradora musical que devora bandas a um ritmo cada vez mais rápido.

Para vos, o que é preciso para desenvolver o rap tuga ?
Paz, amor, união e divertimento !

O quê que queriam fazer se não houvesse a música ?
Pessoalmente, não consigo conceber um universo sem música, é algo completamente impossível, como seres humanos precisamos umbilicalmente duma ligação à música, ela é um poderoso veículo de acesso aos nossos sentimentos. Mas se ela não existisse na minha vida certamente estaria dedicado a outras áreas de criação como as artes visuais.

Uma palavra para os soldados do hip hop ?
Acredita, trabalha, transforma os teus sonhos em matéria !
Obrigado pelo teu apoio ao colectivo. Forte abraço.

Julho 2010



lundi, avril 12, 2010

Black Mastah entrevistado por Zeblak

[Zeblak] Desde quando faz rap tuga ?
[Black Mastah] Desde 1993, com o meu irmão no grupo chamado Filhos de Um deus Menor.

O que é que te incentivou a fazer rap ?
Epa, a minha maior influencia de sempre foram os programas de radio que se ouvia na altura ... Alma Radical, Mercado Negro (1992).

Quais são as mensagens nas tuas letras ?
São sempre coisas positivas, desde o "vai em frente pois consegues", falo um pouco de tudo, principalmente sobre a positividade.

Qual é o teu objectivo no rap português ?
O meu objectivo é fazer a minha musica, dar a conhecer o rap para as pessoas que não conhecem a cultura hip hop. Não tenciono ficar rico com o rap, eu gosto mais desta musica do que qualquer coisa na vida, faço os meus sons, há minha maneira, e saber que ao fim do dia continuei a ser eu.

Donde vem a tua inspiração ?
De tudo ... das pessoas ... e o mais engraçado é que me inspiro mais nas coisas negativas ... é o que me leva a ser mais positivo, é estranho ... mas é real, sobretudo nas pessoas na noite ... muitas tornam-se esquisitas. 

Donde vem o teu amor do rap ? 
Já é um amor antigo ... graças a Deus tive a sorte de sempre acompanhar o rap desde o principio, de conheçer a velha escola ... e acompanha-lo atè hoje em dia, tudo isso è amor. O rap influenciou-me em quase tudo o que eu sou. É mais que amor.

Porquê o nome Black Mastah ?
vem dos anos 90. Eu sempre curti os filmes de artes marciais e adorava os Mestres e pensei devia haver um Mestre negro, mas no hip hop ... dai Black Mastah ... Mastah Black (é como me chamam os meus real  niggaz).

É difícil viver na sombra do teu irmão (o NBC) lol ?
Lol, sombra do meu irmão ? Não, nada disso. Uma coisa que fique esclarecida, o NBC é o NBC ... o Mastah é o Mastah. Nada a ver, o meu irmão será sempre a primeira pessoa que eu vou apoiar neste jogo. Eu se estou assim mais chill é porque quero. Sou um gajo que tem tudo nas mãos e as vezes não se importa com nada ... mas eu faço as minhas dicas, o NBC faz as dele, a maneira dele.
Por exemplo, estas a imaginar ele a fazer aquelas battles na rua ? No way man, ele é ele, eu sou eu e ainda bem que é assim !

Foste influenciado por alguns rappers ou outros estilos musicais ?
Sim, claro que sim. Acho que toda a gente foi, Mas eu sou mais virado pro rap de 1996 de East New York até aos tempos da Rakwus em 1999, 2000 e por ai alem.

Como vês a evolução e o futuro do rap tuga ?
Meedoooooooo ... Estou a brincar ! Epa, já vi o futuro mais sorridente, alguns dos novos mcs estão a vir com muita "atitude" e pouca humildade. E depois não demonstram respeito e por mandarem uma ou duas rimas boas já se acham grandes mc`s ... eles falham logo na primeira palavra e talvez a mais importante de todas no rap game : Respect.

O que pensas do rap "comercial" e dos wacks mc's ?
Isso é tudo muito subjectivo, vou começar pelo comercial, o que è ser comercial?  É fazer um som para vender ? Entao mas se esse não era o meu propósito e por acaso tive muito sucesso ? E se eu fazer um som com o TT, estou a ser comercial ? Depois vem a outra parte da moeda, eu já não sou um puto, já tenho 34 anos e não posso andar ai a brincar aos raps ... tive essa conversa com o Xeg a pouco tempo. Epa, é tudo muito complicado. Mas eu nunca faria um som comercial, simplesmente porque não me identifico com isso. Agora a outra questão : oWack mc ... Eu decerto para muita gente devo ser Wack mc e assim sucessivamente, mas eu vejo assim : mais do que as tuas boas rimas é a maneira como tu as relatas. Eu vou ser o primeiro a dizer ao meu amigo se não gostar do som dele e gostava que ele fizesse o mesmo a mim ... não naquela de desrespeitar, mas sim em fazer uma critica construtiva. Porque para derrubar já basta os haters.

O que dizer à um adolescente que gosta muito do hip hop e que quer entrar no movimento rap (mc, dj, b boy, writter) ?
Vai em frente, faz aquilo que tu sentes, mas aplica te só numa vertente. Porque qualquer destes elementos do hip hop não se aprende de um dia para o outro. Aplica-te num só ... e faz há tua maneira, seja qual deles for. Keep it real.

Uma ultima palavra para os leitores ?
A musica, seja ela qual for, seja qual for o estilo, seja hip hop, house, rock ou wareva é das melhores coisas que o homem podia ter inventado. Nunca a deixes. Sê quem és sem imitar ninguém, sê tu próprio ... sempre ! Em qualquer coisa que fizeres.
Um forte abraço ao mano Zeblak por esta entrevista. One love. Paz*


Abril 2010 


jeudi, avril 08, 2010

Vokábulo entrevistado por Zeblak

[Zeblak] Desde quando faz rap tuga e porquê ?  
[Vokábulo] 1999/2000. Não existe uma razão especifica, para esse "Porque?". Foi vontade espontânea. 

O que é que te incentivou a fazer rap ?
Bom isto começou tudo com o graffiti eu e colegas de turma na altura, ou pessoal da zona, nos nossos tempos livres juntava-mo nos em casa uns dos outros a desenhar e a desenvolver sklizz para depois com a pratica conseguir fazer o melhor possível na parede, e enquanto fazíamos esses projectos a banda sonora a maior parte das vezes era hip hop e um pouco de rock ou funky. Depois, comecei a seguir o que saía cá em Portugal relacionado com rap / hip hop, comprei cd's de Microlandia, Mind da Gap, Rapublica, Boss Ac, 30 Paus que é da minha zona (Fim da linha), que foi um dos primeiros dj's de hiphop tuga a meter o clássico nas ruas, também acompanhava as mixtapes do Cruzfader, mais outras dicas do Bomberjack, e senti que se estava a criar um "grupo" um movimento muito forte do qual gostaria de fazer parte. Isto a nivel nacional, porque mundialmente já acompanhava cenas como NTM, Beastie Boys, 2Pac, B.I.G, Big L, Public Enemy, ja tinha uma ideia do poder que o hip hop tinha em certas partes do mundo, e pronto foi isso que me incentivou, querer ver essa mesma força mundial no meu país.

Donde vem a tua inspiração ? 
De tudo o que me rodeia.

Porquê o nome VOKÁBULO ? 
Vou te ser sincero, eu na altura que comecei a rimar nem tinha nome, rimava só por rimar. Só quando as coisas começaram a ficar mais séria é que decidi arranjar algo para me representar, e pronto como nome diz "VOKABULO" vocabulário é a minha ferramenta essencial, e sem ela não existia rap.

Podes falar do teu antigo crew e dos mc's 'Classe 84' ? 
Não há muito para falar sobre esse assunto, Foi no inicio de tudo eu e um amigo meu de infância (Viza) tínhamos os 2, e depois viemos a conhecer o Indrominado que na altura nos convidou para irmos la a casa gravar umas cenas e nós levamos connosco outro nosso amigo (Neutro), na altura gravamos cerca de 3-4 sons e mandamos um para a revista "Hip Hop Nation", saímos na edição especial, e recebeu um óptima critica, então decidimos criar uma crew para ver no que dava. Depois um ano mais tarde, haviam certas coisas entre as nossas personalidades que não pegavam, e começou por sair um até saírem todos. Hoje em dia nada disso existe, o Viza esta noutra área profissional, o Neutro ainda continuo a gravar umas cenas comigo e não só, com vários artistas, entrou no meu primeiro disco a solo, "Manifesto Futurista", entrou como produtor no álbum "Mais que uma razão" do TT, e penso que em breve ira lançar um álbum para as ruas, internet, podem sempre acompanhar a cena dela através de www.myspace.com/nto84. E como podem ver segui a minha sozinho, gravei um disco sozinho, lancei o em 2007 sozinho e criei a minha própria cena sem depender de ninguém. 


Como vês a evolução e o futuro do rap tuga ?

Nos últimos anos tem se visto uma enorme evolução no rap tuga. Já chegámos a mercados internacionais, já atingimos discos de ouro, somos uns autênticos profissionais de musica. mas, também acontece que existe muito lixo que por vezes é apoiado dentro do rap tuga, que se não for limpo a tempo vai trazer muitos problemas ao nosso tal "movimento". Enquanto continuar cada um por si, e não trabalharem para haver mais concertos, mais apoios, mais apostas, mais confiança, vai ser muito difícil chegar ao tal nível onde tentamos chegar todos os dias, nível de estabilidade, tanto dentro como fora da musica, vivemos num país muito complicado. Mas tenho esperança que os meus netos comam algo do bolo que lhes deixei. 

Foste influenciado com alguns rappers ou outros estilos musicais ? 
Eu fui influenciado por muita coisa como já disse em cima, NTM, BEASTIE BOYS, 2PAC, B.I.G, BIG L, PUBLIC ENEMY, MICHAEL JACKSON, METALLICA, NIRVANA, BOSS AC, MIND DA GAP, BOB MARLEY, GURU, epá tanta coisa que precisava de uma pagina na net só para esta resposta, a dica a mesmo musica tudo o que a musica envolve deixa me maravilhado e com vontade de aprender.

Com quem querias trabalhar (musicalmente claro) ? 

Michael Jackson, Madona, Timbaland, Dr. Dre, Nas, The Game, Blacko, Soprano, Ryal Leslie, Eminem, Jay Z, Pharrell, Stevie Wonder, Kanye West, Steve Aoki, Crookers, Kid Cudi, Juelz Santana, Carlos Santana, Alicia Keys, Beyonce ...

  
Quais são as tuas influenciais sem ser hip hop ? 
Reggae, dancehall, rock, electro, funky, jazz, dubstep, samba, kuduro, tudo o que faz som.


O que pensas do rap "comercial" e dos wacks mc's ?  

Pois para isso de juntar "comercial" e "wacks" tem muito que se lhe diga, primeiro porque para mim isso do underground e comercial é uma conversa á qual não dou mínima importância, porque tu podes ser um mc's que aparece em shows, tv's, que vais a uma discoteca chillar, que tens cd's a serem comercializados nas lojas e podes ser underground, a questão aqui é venderes a tua musica e não quem tu és. E em relação aos wacks para querem vê essa essa divisão entre "underground" e "comercial", uma coisa certas, wacks estão por todo lado.....e eu não gosto deles.


Como definir um mc perfeito ? 
Eu acho que existem mc's assim e assim, razoáveis, bons e muito bons, cada um terá certamente uma característica mais forte, um pode ser mais forte no flow, outro na lírica, outra nas métricas, isso é muito difícil de definir, não existe um mc perfeito mas sim um mc completo.


O que pensas dos mc's fora de Portugal e que fazem Rap em português ? 
Não penso, faço. Dou um grande One Love e toda a força para o continuarem a fazer, representar a nossa língua fora do país é sempre um orgulho, e quantos mais o fizeram melhor para todos nós e para Portugal. Bless ya e continuem que nós estamos cá.


Deixo aqui um espaço "freestyle" para ti ...
Bom pessoal, já sabem podem acompanhar através do (MYSPACE / TWITTER / FACEBOOK / YOUTUBE)  /VOKABULO , é igual para todos, e podem ficar já a saber que o segundo disco esta pronto, vai se chamar "Assim foi" vai ter por volta de 16-17 musicas, novos convidados e vai estar disponível la para Junho deste ano para abrir o verão em grande. Queria agradecer a todos os que me acompanham e que gostam do meu trabalho, a vossa ajuda e opinião é importante para a evolução da minha musica. One !


Abril 2010 

lundi, avril 05, 2010

Da Gun entrevistado por Zeblak

[Zeblak] Quais foram os vossos percursos no Hip Hop ?
Xakal : Cheio de boas experiências so far, sempre a trabalhar saber onde vamos.
Kosmo : Curto e fenomenal.
 
O que é que vos incentivou a fazer rap ?
X : Experiências na life desde a long time sempre juntos a curtir com notepad mais o meu broda Kosmo.
K : La vida loca.

Quais são as mensagens das vossas letras e o objectivo delas ?
X : Freeddom of speech love it.
K : Faz o que eu digo, não faças o que eu faço. Chegar a mentes fechadas.
 

Porquê os nomes de Xakal e Kosmo ?
X : Aventuras curiosidade pelo que anda na streets, experiências, The day of the jackal professional assasin s**t, maneira de pensar ver as coisas, bué de sonhos grandes planos, episódios na rua com o peeps histórias para contar ... O nome Xakal Da Gun nasceu nasceu na street.
K : K kriminal, O og, S south side, M make money,  O ou não.


Podeis falar do vosso crew Da Gun ?
X : Xakal, Malaba, Dublle z, Dygra e Kosmo. Milton, Nelton, big up todo peeps há um pouco de tudo na crew, Margem Sul, Amora city g.
K : Dagun 4 life. Amora viu-nos crescer, deu-nos o nome, a vontade e as experiências de vida.
Hoje somos mais que um grupo, uma família !

Donde vem o vosso amor do rap?
X : No people, na rua no dia a dia, na life em si, com ritmo, poesia, cultura por o people a curtir o som mensagens, trabalhar com outro people expandir ideias make music, mistura tudo igual a rap, identifico-me, quem sente ganha love por ele.
K : Vem do meu ódio.


Foram influenciados por alguns rappers?
X : Pac, Bone Thugs, Tek Nine Dizzie, etc ... Acompanho bué géneros de som como qualquer pessoa, mc's que são muito bons a fazer o que eles fazem, marcam-te e deixam-te a pensar desde estilos, a sons, flows, beats, vídeos, punchlines, performance em concertos, que nos punham a ver e correr o país, faz parte ou não Kosmo ?
K : Sim, como todos os mc's como toda a gente temos sempre uma influência por trás os meus mc's foram Malaba, Dublle z, Dygra,  Xakal, a minha verdadeira influência.


Com quem queriam gostariam trabalhar (musicalmente claro) ?
X : Ghetto & Devlin ... com o people que eu me identifico.
K : Facção central.
 

Como vêem a evolução e o futuro do Rap Tuga?
X : Big ! Eu estou a evoluir com ele, o caminho é longo e não há bons resultados sem suor na camisa é continuar a levar para frente.
K : Em bom caminho, existem rappers que já elevaram muito o rap tuga e continuam a fazê-lo em bom caminho além fronteiras.

 
O que ouves sem ser rap? 
X : Grime, garage, reggea e ragga dancehall, funky, house e um pouco de tudo o resto.

 
Quais são as tuas influências sem ser Hip-Hop?
X : Garage/Grime e tudo que venha dos roots.

Como definir um mc perfeito ?
X : Real.
K : Verdadeiro.


O qué que queriam fazer se não houvesse a música ?
K : Queria voar.
X : Lool filmes (can you picture ahaha).


Algum projeto futuro ?
X :
Album "Capitulos de um storytella", mixtape Salute soldier 3. Já agora keep it locked. Brevemente Rappers assasinos, mixtape Gangs de Bagdad.

Uma palavra para os soldados do hip hop ?
X : Continuem a bulir music, não deixem de acreditar. Um abraço ao meu peeps e para todo people que apoia hip hop tuga.
K : O caminho é longo.


                                                                                                                        Abril 2010 


lundi, février 15, 2010

Mind Da Gap em entrevista a Zeblak

[Zeblak] Desde quando estão na música e qual foi o vosso percurso ?
[Mind Da Gap (Ace)] Estamos juntos na música desde 93. Começámos a fazer músicas com bases instrumentais de artistas americanos e a dar concertos com esse formato para juntar dinheiro para comprar a nossa primeira caixa de ritmos. Quando a conseguimos comprar, começámos a fazer os nossos próprios instrumentais e gravámos uma maqueta. Enviámos essa maqueta para um programa de rádio, O Repto do José Mariño e com um dos temas dessa maqueta, estivemos em 1º lugar do top do programa semanas a fio. Isso incentivou o convite da editora Norte Sul para assinarmos com eles.

Porque escolheram MIND DA GAP para o nome do vosso crew ? E vossos pseudónimos ?
Mind da Gap porque o nosso produtor, Serial, viveu em Londres e ouvia muito essa expressão no metro. Um dia, depois de estarmos horas à procura de um novo nome para nós (antes éramos os Da Wreckaz) , ao sairmos da casa do Serial, ele disse-nos "Mind the Gap"- para termos cuidado com os íngremes degraus - e isso pareceu-nos um bom nome logo ali. Os nossos pseudónimos surgiram naturalmente, por via de inspiração de cada um.

Desde quando estão no Rap Tuga e porquê ? O que vos incitou a fazer rap ?
Desde 93, porque tínhamos vontade de fazer algo parecido com aquilo que ouvíamos normalmente. Éramos e somos fãs de Rap.

Quais são as mensagens que queiram passar ? Qual é o objectivo das vossas canções ?
Não há nenhum objectivo definido, nem mensagem em particular. fazemos o que sentimos que temos que fazer dependendo de muitos factores que influenciam o nosso acto criativo. A haver algum objectivo, será o de nos exprimirmos sem barreiras e divertirmos-nos com aquilo que mais gostamos de fazer- música.

Donde vem o vosso amor do hip hop ?
Da alma.

Qual é o vosso objectivo no rap Português ?
Representarmos-nos e ao que fazemos profissionalmente e da forma mais interessante possível.

Quais são vossos sentimentos ao respeito do Hip Hop Tuga ?
Está bem e recomenda-se.

Como vêem a evolução e o futuro do Rap Tuga ?
Não fazemos previsões de futuro. Será o que tiver de ser.

Donde vem a vossa inspiração, influências musicais ?
A inspiração vem da vida. Tudo que nos rodeia, vemos, sentimos, ouvimos e vivemos. As influências musicais são quase exclusivamente música negra desde os 60's até hoje.

O quê que queriam fazer se não houvesse a música ?
Não queremos pensar na nossa vida sem música. Mas algo relacionado com actividades artísticas de certeza.

Falam-me do vosso novo álbum ?
Está pronto, já foi para fabrico. E estamos com muita "pica" em relação a ele. Acreditamos muito nele e achamos que está muito forte.

E alguns projectos, colaborações, featurings são previstos ?
É esperar para ver ;]

Uma palavra para os soldados do hip hop ?
PAZ !
Fevereiro 2010 



jeudi, janvier 28, 2010

Interview de Kimto Vasquez par Zeblak

[Zeblak] Depuis quand es tu dans le milieu du hip hop et pourquoi ?
[Kimto] J'ai découvert la culture hip hop à la fin des années 80. La danse, le painting et le rap m'ont fasciné. J'avais trop peur de mon père pour être un vrai tagueur et je dansais, mais chez moi ... puis les cassettes de radio nova, puis rapline, toute l'émergence de la première générations de mc's m'ont donné envie de m'y mettre, je rappe depuis 1991. Rien ne me plaisait plus que d'écrire et de rapper. En 94/95 j'ai fondé Less du Neuf avec mes deux anciens collègues et à partir de là, j'y ai dédié tout mon temps et mon énergie. Je sentais que j'avais du potentiel et que je pouvais faire des bons trucs, il était hors de question de le faire que pour la frime et je n'imaginais pas un jour gagner des sous grâce à ça ... moi je voulais juste tout déchirer où qu'on aille. J'étais en guerre contre le monde entier, mes parents ... j'ai bossé pour que mon père est un regard respectueux à l'égard de mes activités "artistiques". Mon rap doit beaucoup à l'éducation que mes parents m'ont donné ...

Quels sont les messages de tes textes et leurs objectifs ?
Je ne fais pas de politique mais j'ai un regard citoyen. Mon parcours fait que j'ai écris sur l'immigration, ma conditon de jeune banlieusard, sur mon questionnement identitaire, sur des faits de vie, sur des chagrins d'amour, des deuils, mes excès en tout genre avec les potes, j'ai craché sur le rap français que je considérais mauvais et je faisais et disais tout le contraire ... j'étais du genre à me pointer avec les pulls ringards que ma tante m'offrait alors qu'ils étaient tous en Lacoste ou à la cainri ... j'ai réussi quelques trucs et le reste c'était de la performance à la mc qui aujourd'hui me semble puéril ... mais bon, j'ai eu besoin de passer par tout ça et j'ai pas de regret.

Pourquoi avoir choisi VASQUEZ LUSI aka KIMTO comme nom d’artiste ?
Kimto "Quim-To" est la contraction de mes deux prénoms Joaquim Tomas, mon entourage m'appelle comme ça depuis ma naissance. Vasquez parce que mon père s'appelle Vasco et que la phonétique franchouillarde de Vasquez me faisait marrer. Lusi parce que Lusitanien. Mais bon, sincèrement ça n'a plus de sens pour moi aujourd'hui ... Mon identité ne se résume pas à ma nationalité d'origine alors je n'utilise plus le "Lusi". Mon blaze c'est Kimto Vasquez.

Comment as-tu fais pour devenir ce rappeur reconnu dans le rap ?
J'ai travaillé, j'ai eu la chance d'avoir un des compositeurs les plus doué de sa génération à mes côtés, Ol'Tenzano, j'ai fais des rencontres, j'ai jamais refusé le travail, j'ai aussi tout simplement été au bon endroit au bon moment. Beaucoup de choses me dépassait, j'ai été très naïf souvent. Ma seule ambition était d'être bon, je pensais que tout le reste suivrait, tôt ou tard naturellement ... mais dans la jungle il n'y a pas de méritocratie !

D’où vient ton amour pour le rap ?
De ma génération ... si je n'étais pas né en 1975 j'aurais certainement fait autre chose. Du destin ... si on était resté au Portugal en 86 ...De ma sensibilité, mes goûts musicaux, mon gout de l'écriture, mes fréquentations, j'étais adolescent au bon moment ...

As-tu été influencé par des rappeurs ?
Bien sûr, les IAM, NTM, Solaar, Little, etc ... Et les cainris aussi surtout les new yorkais comme Nas.

Avec qui voudrais-tu travailler (musicalement) ?
Avec des bons, des plus doués que moi, des artistes quoi ... pas des clônes et des "m'as-tu vu". J'ai pas d'envies de collaboration particulière en ce moment même si j'aime beaucoup de choses. J'ai beaucoup de travail à fournir avant de penser aux featurings ... ceci dit, je connais d'immenses artistes qui me respectent en tant qu'artiste et je continue de découvrir et de faire des rencontres intéressantes.

Quels sont tes sentiments par rapport au hip hop francais ?

Il fait ce qu'il à faire ... On a des danseurs de renommée internationale, des peintres incroyables, des dj's qui défouraillent et des mc's talentueux ... sur le rap, je suis moins impressionnable, normal, c'est mon domaine de compétence mais sincèrement même certains que je ne peut pas blairer artistiquement, je leur trouve du talent.

Et maintenant, que penses-tu des rappeurs portugais de France ?
J'en connais peu ... J'ai posé avec Drikinho et S'pry mais malheureusement leur projet a avorté, dommage ... leur projet m'a semblé bon. Je connais Antigo qui est venu à ma rencontre et avec qui j'ai accepté de bossé un titre ... Ce mec n'a pas de complexes a essayé plein de choses musicalement, j'ai senti de l'exigence et ça me va ... Après, perso, les trucs exclusivement communautaires plus je vieillis, plus ça me fait fuir. Pour moi la musique c'est la liberté au jour le jour, hors de question de m'enfermer dans un concept prédéfini ou de faire le portos de service ou de concentrer mes efforts à cibler la communauté franco-portugaise.

Et comment vois-tu évoluer le hip hop portugais ?
De loin, très loin je suis pas au jus du tout ... J'ai eu le grand plaisir d'échanger avec Chullage et Nigga Poison ... j'ai adoré ! J'espère un jour pouvoir faire de même avec des assassins comme Valete et Fuse qui m'ont particulièrement touché. Tout ce que je peux te dire c'est qu'ils n'ont aucun complexe à avoir et qu'ils fassent ce qu'ils ont à faire.

Qu'est ce que tu aimes écouter dans le rap ? Sinon, écoutes-tu d'autres genres musicaux ?
En ce moment, en français certains classiques d'IAM, le dernier Abd Al Malik, Rocé me met des tartes dans la gueule à chaque fois ... En cainri, je continue de suivre l'évolution des gars comme Nas, Snoop, Jay Z, Dre ... Je suis pas trop dirty south, même si j'entends des choses qui sonnent bien. Je suis moins au courant, je ne suis pas un chineur, je compte plutot sur les potes. Sinon, je suis assez ouvert niveau musique ... j'ai un très bon ami qui lui est un vrai chineur et à chaque fois que je lui rend visite, je découvre ... Puis j'ai acheté un sampleur il y a deux ans ... ça pousse à découvrir aussi.

Peux-tu me parler de Less du 9’ et ensuite de ta période Taxi pour ceux qui ne la connaissent pas ?
Less du Neuf a été ma vie pendant une grosse dizaine d'année, une aventure extraordinaire ... j'ai fais un tas de trucs que je me sens pas le courage de te raconter, mais ça a été d'une intensité rare crois moi ... j'ai fais deux albums et demi avec Less du Neuf ... je me suis barré pendant l'enregistrement du troisième, je ne m'amusais plus. La BO de Taxi 2 a été la plus enrichissante expérience que j'ai eu et à tout point de vue ... j'ai bossé quelques semaines chez IAM, mes parents ont enfin pris au sérieux mon travail, j'ai gagné de l'argent comme jamais, j'ai vu des proches que j'aimais se comporter bizzarement ... oui c'était enrichissant, intense, douloureux parfois mais très instructif.

Il y aura t'il un nouveau album Less du 9' ou c'est vraiment fini ?
C'est fini. Je suis un ex Less du Neuf.

Prépares-tu un album en solo ou des nouvelles collaborations ?
J'ai fais un break, j'ai écris une espèce bouquin durant ce break qui sera peut etre un jour édité mais rien n'est moins sûr, j'ai pécho un sampleur et un synthé, appris à m'en servir, j'ai posé quelques fois quand les mecs arrivaient à me motiver, j'ai le nécessaire pour maquetter quand l'envie me prend et ces derniers temps l'envie est dans le coin alors j'en profites ... Je fais en sorte de garder du temps pour ça, ça m'amuse encore.
Donc il y a des chances pour que je fasse au moins un petit solo, l'idée me botte mais j'attends d'avoir assez de morceaux qui me plaisent pour pouvoir te l'affirmer sérieusement.

Quel a été ton meilleur souvenir dans ta carrière musicale ?
J'en ai trop des bons souvenirs, sur scène, en studio, avec les gens qui aiment nos trucs, avec d'autres artistes. Il m'est difficile de t'en citer un plus fort que les autres.

Que dirais-tu à un adolescent qui aime beaucoup le hip hop et qui veut entrer dans ce mouvement (mc, dj, b boy, writter)?
Amuse toi, donne toi, respecte toi et le reste suivra.

Je te laisse le mot de la fin, un espace pour finir :
Merci de t'intéresser à ce que je fais. Bonne chance.

Janvier 2010


mardi, janvier 26, 2010

Valete entrevistado por Zeblak

[Zeblak] Desde quando faz rap tuga e porquê ? O que é que te incentivou a fazer rap ?
[Valete] Faço rap desde 97, senti-me atraído por começar a fazer umas rimas quando começou a nascer um movimento underground pós-Rapública com bons projectos como Funky D's, Micro, Dealema etc ... Senti-me identificado com a atitude e a essência do que se fazia, e aí senti também necessidade de fazer parte.

Quais são as mensagens nas tuas letras ?
Eu gosto essencialmente de fazer um rap consciente e progressista. Tento dizer aos jovens que é fútil estarmos a resumir a nossa vida apenas em comprar roupas, ir a discotecas e em bater records de conas fodidas. Tento também mostrar ao pessoal quem são os nossos verdadeiros inimigos. Mas eu não sou um rapper de uma só temática. Gosto de fazer battle rap, storytelling, cenas políticas, rap descritivo etc ... Antes de tudo gosto de fazer arte e nela pôr aquilo que sou e aquilo em que acredito.


Qual é o teu objectivo no rap português ?
Nenhum em concreto. Amo o rap, vejo-o primeiro que tudo como uma forma de arte, e é artisticamente que me tento expressar. Tento fazer arte quando escrevo, e fazer arte quando estou a fluir em cima dum beat.


Porquê o nome VALETE ?
Vi um documentário sobre ilusionismo e soube que existe uma ideia mística para os ilusionistas de que quando se faz um truque de cartas, e quando se dá uma carta a escolher, se a pessoa escolher o Valete, o truque não dá certo. É como se o Valete aparecesse para não deixar que te enganem.


Donde vem o teu amor pelo rap ?
Eu senti-me identificado com o rap, porque acho que é uma forma fantástica de te exprimires livremente, e que valoriza essencialmente a qualidade da escrita dos protagonistas. Noutros estilos musicais há gajos que são vangloriados porque têm uma boa voz ou um porque têm um hit catchy. Aqui não. No rap (o "real") para seres valorizado tens que mostrar skills, inteligência e suor.


Como fizeste para estar nesse lugar (Um dos grandes nomes incontornável do rap nacional) ? E com uma ajudinha de quem ?
Ahahah, nome incontornável ?? Quem me dera. Sinceramente não sinto isso, mas posso-te dizer que o Adamastor, Sam, Vinagre, Gang Lírico, King , Touché, Bomberjack foram manos que sempre acreditaram no meu rap, até quando fazia cenas wacks pa' caralho. Motivaram-me, apoiaram-me e nunca me deixaram cair.


Foste influenciado com alguns rappers ?
Influenciado não sei, porque isso implica que exista uma presença da marca desses rappers no estilo que criei. O que te posso dizer é que admirei muito gajos como KRS1, Pensador, Racionais, Common, Nas e hoje gosto muito de ouvir Immortal Technique, Jean Grae, Chino XL, Royce da 5,9, Tote King, Gutierrez, Mata-frakuxz e alguns rappers tugas muito bons.

Com quem querias trabalhar (musicalmente claro) ?
Gostava de fazer uma faixa com o Tote King, é um liricista espanhol com o qual me identifico bué porque para além da grande qualidade que tem, vê-se que é um mc muito competitivo, e eu também cresci no rap com esse espírito. É possível que aconteça essa conexão ibéria, gostava muito. Aqui na tuga há manos da minha geração com quem nunca rimei e também gostava de fazer umas parcerias nas rimas. Manos como o Mundo, Xeg e o Sanrize por exemplo.

Como vês a evolução e o futuro do rap tuga ?
Acho que 2005 vai ser o ano 0. Tudo o que fizemos para trás foi apenas treino. Muitos mc's estão a chegar a um estágio final de maturação. Outros que eram bons (com muita pena minha) já não se conseguem reinventar e por isso ficarão desactualizados. Cada vez há menos espaço para falhar. Hoje há mais e melhores produtores, mais e melhores condições e os rappers têm que vir muito melhor preparados. Há espaço para 1000 estilos e 1000 coisas diferentes, mas sinto que agora o pessoal já não está para tolerar álbuns que parece que foram feitos num fim-de-semana de praia. Hardcore, sentimental ou chill out rappers agora têm todos a responsabilidade de fazer boas músicas. Algo agradável de se ouvir do início ao fim. Músicas com guião. Acabou a fase de flows monótonos, rimas descompassadas, atropelos no beat, refrões desarmonizados etc ... Tem que ser sério a partir de agora.

Quais são teus sentimentos ao respeito do hip hop nacional ?
Sou fã de hip hop tuga. Oiço muito. Oiço praticamente tudo o que sai, para além de ouvir bué maquetas de new comers. Há alguns rappers que admiro muito, porque para além de serem bons, conseguiram construir um estilo próprio e fizeram escola no rap tuga, influenciando muitos rappers da nova geração. Vão ficar na história.


O que ouves sem ser rap ?
Oiço também new soul, cenas tipo Jill Scott, Erikah Badu, Musiq etc ... Não sigo muito o actual movimento raggae, mas sempre que algo de qualidade entra na minha aparelhagem absorvo intensamente.

Quais sao as tuas influencias sem ser hip hop ?
Trotsky, Carlos Mariguella e Che.



Finalmente ... O teu próximo álbum e do Canal 115 estão previstos para quando ?
Acredito que sai ainda este ano, e acredito mesmo que vai ser um álbum intemporal, e que daqui a 20 anos o consiga ouvir com o mesmo prazer. Queremos muito lançar um álbum Canal 115,mas agora estamos todos concentrados nas nossas cenas a solo por isso depois logo veremos. No meu álbum já vai haver uma espécie de preview, será a primeira faixa editada de Canal 115 já com o Bónus na formação.

Junho 2005 









Halloween (A Bruxa) entrevistado por Zeblak (O Bruxo)

[Zeblak] Como surgiu essa ideia de criares o personagem Halloween, relatando os problemas de um jovem de Lisboa ?
[Halloween] QUEM CRIA PERSONAGENS SÃO OS INTRUJAS ... Eu rimo a minha vida ... Ajuda-me a espantar demónios.

Desde quando faz rap tuga e porquê ? O que é que te incitou a fazer ?
Eu SEMPRE ESCREVI TEXTOS, POEMAS, pensamentos, etc ... RAP APARECEU NORMALMENTE ...Quando o meu irmão mais velho mostro-me rap pela primeira vez, comecei logo a rimar cenas que já tinha escrito ... FALAR EM DATAS É MUITO VAGO, sinceramente não me lembro.

Quais são as mensagens nas tuas letras ?
Kriminal nao significa ser um gangsta ou um delinquente, kriminal significa sobrevivente e é isso que eu sou. Eu vim para Portugal com 4 anos fomos morar para o jardim da estrela num prédio em ruínas ocupado por imigrantes africanos, dormíamos cerca de 10 pessoas no mesmo quarto ... Eu lembro-me que já nessa ALTURA eu era um sobrevivente, eu o meu irmão e mais alguns putos vadiávamos por toda cidade de Lisboa com pneus de carros, roubávamos carrinhas de sumo, víamos televisão nas montras da cidade e orientávamos trocos de camones para comer gelados e outras merdas, depois saltamos de quarto em quarto alugado até que fomos parar no gueto onde vivi 13 anos ate que fomos realojado em 2002 em Odivelas. Eu sou um kriminal e não tenho nada a provar a ninguém ...
Eu já vi muita m**da nesta vida, já esquivei a morte e a kana em muitas ruas de Lisboa já vi gente a morrer na minha frente, já tentaram me matar fui esfaqueado uma dúzia de vezes, já esfaqueei também uns tantos, já fui espancado varias vezes pela policia, ja espanquei um no bairro Alto, estou a fazer trabalho comunitário por causa disso ...
Agora perguntas-me qual a minha mensagem ... Ha varias mensagens no projecto Mary Witch, vários caminhos, tu escolhes o teu, eu não sou nenhum pastor nem quero ovelhas atraz de mim.

Donde vem a tua inspiração ?
A minha maior inspiração é o meu quotidiano, as pessoas que me rodeiam e a vida de Cristo.

Porquê o nome HALLOWEEN aka bruxa ?
Quando eu tinha 13 anos, a minha mãe mandou-me ir buscar agua ao poço, nos moramos numas barracas isoladas no monte do bairro da Paradela, não tínhamos agua nem luz. O poço ficava a 500 metros da nossa casa num terreno baldio sem casas rodeado de hortas, quando cheguei lá estavam 2 vizinhos meus a discutir de repente começaram a lutar um conseguio dominar o outro sentou-se em cima dele e esfaqueou-o 36 vezes a minha frente. Não foram 30, nem 31, nem 35 ... foram 36 ! O bairro da Paradela era um bairro pequeno e muita gente foi a esse julgamento, eu fui a única testemunha desse crime, não estava la mas ninguém, a partir desse dia depois de ter visto aqueles olhos ... nasceu o Halloween ... Allen é o meu verdadeiro nome, Halloween é o Allen misturado com as coisa do mundo. Bruxa significa a minha sabedoria maldosa e não proveitosa.

Como conseguiste ter tanto sucesso com o teu "Projecto Mary Witch", mesmo com uma fraca qualidade de gravação, instrumentais e rimas simples ?
Foi sorte !

Donde vem o teu amor do rap ?
Eu não amo o rap, nem ele me ama a mim, MAS PRECISAMOS UM DO OUTRO.

Qual é o teu objectivo no rap português ?
Qual é o teu objectivo de disseres o que pensas e o que sentes ?

Foste influenciado com alguns rappers ?
Claro Pac, Big, Racionais,General D, Wu, Lost boys, etc ...

Com quem querias trabalhar (musicalmente claro) ?
Eu trabalhei e trabalho até hoje com quem eu quero, músicos da minha laia.

Como vês a evolução e o futuro do rap tuga ?
A evolução tem sido lenta porque os dinossauros não gostam, nem conhecem o rap, mas têm que lidar com ele se não quiserem desaparecer ... O futuro, o futuro é kriminals !

Quais são teus sentimentos ao respeito do Hip Hop Nacional ?
Hip Hop Nacional É LINDO !

Podes me falar do teu som "Fuck y..all yo" ? Beef ou é uma estratégia para te manter no topo ?
MANTER-ME NO TOP ? ...ALGUMA VEZ VISTE o HALLOWEEN EM ALGUM TOP TIRANDO A RUA ? O som fala por si e não digo nenhuma mentira ... "Fuck y..all yo" É UM SOM PARA MENTIROSOS, UM SOM PARA INTRUJAS, é som em que eu falo daquilo que penso de muitos mc's e eu falo sem razão tudo o que eu disse é verdade. Ha mc's que disseram que nunca os íamos ver na televisão e eu já vi ... Ha muitos grupos de negros domésticos no hip hop tuga, muitos Michael Jacksons, há muito que são da rua e do gueto até verem a cor das notas ... Ha uns que são underground e criticam toda a gente, discursam como pastores mas acabam por se sentar a mesa de todos e de todas as mesas saem de barriga cheia ... Ha uns que vivem de beefs mas beef é na rua ... Ha outros que trocam beats por cona, vieram oferecer-me beats para misturar o som "dia dum dread de 16 anos" mas não sou nenhuma p***, nem sou famoso.
Ha outros que gostam tanto de aparecer, que atropelam tudo e todos ... Por isso, não sei qual o motivo se tanto choque por causa desde som, eu digo o que penso, quem não gosta, p*** que lhe pariu, eu ando na rua todos os dias, já ouvi dizer que foram ao meu bairro, já ouvi dizer que fui baleado mas até agora não vi nada, querem continuar a viver de mentiras vivam ... Todos filhos da p*** que odeiam o Halloween falem o que quiserem falar, estamos num pais alegadamente livre, mas cuidado, não caiam no erro de dizer que vão-me f**** quando me virem, porque eu posso acreditar ... eu recebo telefonemas todos dias de gente gritar que me vai matar, eu peço que tentem só e logo ficam a saber quem é mais loco.
Eu só vivo uma vez e enquanto eu viver, podem ter a certeza eu piso todo filho da p*** que cruzar o meu caminho, mas quem me dera que os meus inimigos fossem "mc's do hip hop tuga" os meus verdadeiros inimigos vestem fardas de negro e azul, governam este pais de gente só fica contente quando nos vé na m**da , quando baixamos a cabeça e servimos ... Gente que mete os meus irmãos e irmãs anos e anos de prisão e continuam a fornicar e a matar as suas propias crianças ... Gente que me vêm na rua e olha para mim como se eu fosse o maior kriminoso do mundo e elas as maiores vitimas ... Esses policias apanham os putos do meu bairro, espanquem-os na esquadra porque pensam que eles também são dos Halloween e mandam-me recados a dizer que vão rusgar a minha casa e vão matar, bla bla bla ... Estes sao os meus verdadeiros inimigos e não haverá paz para ninguém porque ninguém é inocente !

Quais sao as tuas influencias sem ser hip hop ?
Oiço todo o tipo de musica, nada em especial !

Para quando o novo albúm?
Eu estou a gravar "Arvore Kriminals" que irá sair ainda este ano em relação á kKiminals, nós estamos a gravar um álbum mas não é uma coisa que depende só da Kriminal,s depende muito da vidinha ... O mito continua preso, o Drunk está em Angola, o Bottle esta na Irlanda, não é fácil, os Kriminals estão espalhados cada um a correr pela vida mas eu tenho a esperança que um dia estaremos todos juntos a fazer aquilo que realmente gostamos.

Deixo aqui um espaço "freestyle" para ti :
Um abraço para todo kriminal na correria, nós estamos longe mas juntos !


Agosto 2008











Royalistick entrevistado por Zeblak

[Zeblak] Qual foi o teu percurso no hip hop ?
[Royalistick] Comecei a escrever rimas quando tinha 14 ou 15 anos. Existiam poucas referencias de hip hop português, ouvia-se falar de uns tais de "Da Weasel" como alternativa a um álbum mais mainstream de Black Company e como tal, optávamos pela musica americana. O dj Sas passava tapes para o bairro e chegavam-me as mãos através de outros até porque nao o conhecia. Mais tarde, o Sas começa a interessar-se por aquilo que nos (Mundo Escuro, o meu primeiro grupo de rap) estávamos a fazer e começou a orientar-nos e a "educar-nos". Mais tarde, surge o convite para uma mix-tape (em 99) e a partir dai não mais baixei os braços.

O que é que te incitou a fazer rap e donde vem teu amor ao rap ?
Epah, apareceu como com toda a gente (penso eu!). Comecei por ouvir e a convivência em grupo mais cedo ou mais tarde traz-nos um verso à boca. Um verso traz outro, e dois versos depois surge o primeiro tema. Foi um percurso normal, não o sei explicar bem, aconteceu e manteve-se na minha vida.

Quais são as mensagens nas tuas letras e o objectivo delas ?
Depende dos temas. Hoje em dia considero-me um mc todo-terreno. Gosto de explorar a parte social, até porque me considero politicamente activo e penso que posso fazer chegar até às pessoas que me ouvem a minha visão sobre as coisas, a minha abordagem e até sensibiliza-las com problemas com que elas se cruzam todos os dias e se calhar, até ouvirem uma musica sobre isso, nunca se aperceberam.
Mas penso que não podemos mantermo-nos com a mesma incidência de discurso, a musica hoje em dia exige de nos uma polivalência e quem só souber fazer uma coisa perde em muito para quem sabe fazer duas.

Porquê o nome ROYALISTICK e do teu antigo blazz ?
O meu nome antigo nome era Don R1, era mais um street name que mudei quando gravei o meu primeiro álbum ! Decidi mudar porque acho que existe uma mudança e a mudança exige "mudança" (!) ... Royalitisck porque me considero verdadeiramente realístico dai o "royalistick" "royal" mais "realistic".

Foste influenciado com alguns rappers ou outros estilos musicais ?
Claro, por todos os que ouvi ao longo da minha caminhada na musica e até mesmo por outros que apareceram depois de mim. Acho que é importante estarmos em permanente contacto com tudo o que de novo aparece ou corremos o risco de ficarmos "desactualizados" quando a nossa capacidade nos permite evoluir !

Com quem querias trabalhar musicalmente ?
Epah com muita gente ... No meu novo disco já tive o prazer de trabalhar com muita gente que admiro, no entanto, ficaram "desejos" por realizar. a níveis internacionais existem muitos nomes mas gostaria por exemplo de fazer um featuring com Gentleman, com o Booba, com o Kool Shen, ou mesmo Iam. do outro lado do Atlântico são nomes demais para vos dizer.

Donde vem a tua inspiração ?
De tudo, tudo o que me rodeia e acontece, ou que acontece a quem me rodeia. mesmo esta entrevista pode-me trazer um tema ou uma linha num tema.

Quais são teus sentimentos ao respeito do hip hop nacional actual ?
E o melhor do mundo. penso que o hip hop português tem um potencial enorme, a lusofonia está espalhada pelo mundo e podemos chegar a mais gente. os media estão cada vez mais interessados e isso traz o interesse de muita gente.

Como vês a evolução e o futuro do rap tuga ?
Penso que pode ficar melhor, ou pior, é um género de totoloto. Acho que é importante haver uma continuidade mas é também importante os "próximos" mcs não interiorizarem tanto os que já cá estão porque corre-se o risco de existir uma repetição.

O que pensas do rap "comercial" e dos wacks mc's ?
Penso que existe espaço para tudo e quanto mais vivo na musica mais aprendo com ela hoje sei que é importante respeitarmos toda a gente.

Como definir um mc perfeito ?
Acho que admitir que alguém é perfeito, é o primeiro passo para a estagnar-o. Uma vez perfeito não se evolui, e é pode-se evoluir sempre mais.

O que pensas dos mc's fora de Portugal e que fazem rap tuga ?
Acho que só posso dizer bem. Levam a nossa língua, a nossa cultura e a nossa musica a publico que se calhar pensa que Portugal é uma província de Espanha.

O que dizer à um adolescente que gosta muito do hip hop e que quere entrar no movimento hip hop (mc, dj, b boy, writter) ?
Que o deve fazer, mas que não deve criar expectativas. a musica é um mundo cão e quando pensamos que damos 100% de nos afinal só estamos a dar 10.
Eu não acredito em talento, acredito em trabalho, persistência e disciplina, só isso nos trará frutos ao longo dos anos. Acho que pensar que tudo será como pensamos e projectamos é um erro. Acreditem em vocês todos os dias para daqui a muitos dias verem isso reconhecido.

Algum projecto futuro ?
Um álbum novo, editado pela Footmovin, que não deve tardar. Para além disso as costumes participações em álbuns ou compilações apesar de não poder dar resposta a todas porque os convites são muitos.

Uma palavra para os soldados do hip hop ?
Nunca se julguem demasiado bons para ninguém vos julgar como demasiado maus.

Junho 2007